Maria José Zanini Tauil

 

Namoradinha nova... para passar o tempo. Madrugadas em frente ao portão da casa dela.
Vidros do carro embaçado, mãe dormindo, paixão, delírio no motelmóvel.

Um mês depois, a notícia: "Estou grávida". Comprou uma caixa de fogos e chegando em casa, enquanto soltava os fogos, dizia pra os pais: "Destruí minha vida"

Casou com ela, olhar perdido no vazio. Era romântico. Sonhava com igreja florida, buquê de flores de laranjeira, alianças e um beijo de amor selando a união,... e não um gélido sim numa cerimônia civil.

Nasceu o menino. A cara da mãe. O sonho do grande amor ficou criando teias de aranha numa  das gavetas dos arquivos da mente. Curtiu aquele filho, dedicou-lhe a vida.

Aos quarenta e oito anos, filho formado em administração, trabalhando...missão cumprida. Separou-se da mulher, foi viver sua vida.

Fez tudo que deixara de fazer na juventude: noitadas, mulheres, bebidas, um bom carro, bom emprego.

Aos cinqüenta e dois cruzou com ela nos caminhos da vida. Estava amando! Sentiu seu coração prisioneiro daquela menina de vinte e sete anos, de olhar angelical, voz terna e carinhosa.

Montou casa, escolheram cada detalhe do que seria seu ninho de amor. Casaram numa cerimônia em que só os dois estavam presentes. Muitas rosas pela sala, um vestido de noiva, buquê de flores de laranjeira. Trocaram alianças e num ritual, ajoelharam-se um de frente para o outro e juraram: UM PARA O OUTRO...AMBOS PARA DEUS

Ela engravidou logo. Ele vibrou de alegria ao saber que seria uma menina. Começaram os preparativos para  tornar lindo o recanto da princesinha.

Com as comidas das festas de fim de ano, ele passou mal. Ela marcou uma consulta para ele, que relutou em ir. Ela argumentou que ele precisava receber sua filha forte e saudável. Como ela, estava grávido e tinha que estar bem preparado para  receber o fruto daquele amor.

Uma endoscopia digestiva. Um diagnóstico: adenocarcinoma no esôfago. Seu mundo desabou. Médicos, exames, orações para que não houvesse metásteses. Ele buscava com ansiedade nos olhos dos médicos uma palavra de esperança, de conforto...não a encontrava.  Nada prometiam: "Uns saem dessa, outros não...faremos tudo que estiver ao nosso alcance..."

E a filha a caminho? E a mulher amada que se tornou seu mundo? Um ano de felicidade...só? Nem bem começou...já vai acabar?

Ele se prepara para a cirurgia. Internou-se hoje. Operará na quarta-feira. Stefanni, a filha, nascerá na segunda. Ele não poderá estar lá para vê-la contemplando a luz do mundo...

Como um boi que caminha para o matadouro, ele entrou na enfermaria 503 do Hospital do Câncer...

Esse é um conto em  dois capítulos. Voltarei a ele, pois essa história é verídica. O personagem é meu irmão. Ainda não sei como escrever o  último capítulo. Peço orações e torcida para que tenha um final feliz.

 


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